Após a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre “sonho” de “Peso Real”, a ideia de unificação das moedas brasileira e argentina deu o que falar. De ontem para hoje, surgiram inúmeras especulações sobre o tema, desde a sua viabilidade econômica e política até a existência ou não de estudos sobre o assunto no Banco Central.
Dentre os pontos que passaram despercebidos, observamos um essencial: a influência que tal moeda poderia exercer sobre a soberania nacional. A despeito da usual constatação de que o Brasil só se livrou das garras da hiperinflação e da troca monetária incessante há pouquíssimo tempo, o problema da segurança nacional basta para despertar a prudência diante desse “sonho”.
O motivo por trás da necessária cautela é simples: a moeda integra a identidade nacional e é uma peça fundamental da economia, sendo portanto um pilar da estabilidade política, econômica e cultural de um país. A prova cabal disso está na política internacional recente: O Brexit só está em curso na Europa em virtude da independência monetária do Reino Unido com relação ao Euro. A crise venezuelana, por outro lado, tem como rastro inconteste de sua gravidade o fato de o papel moeda valer menos que o papel higiênico.
A moeda de um país é um símbolo. Além do poder de compra, representa a própria honra do povo que a detém. Quem, afinal, dissocia o dólar dos estadunidenses? Se a força de sua moeda nacional lhes permite comprar os bens com que muitos brasileiros sonham todos os dias, cabe imaginar que, fosse a questão exclusivamente “poder de compra”, poderíamos simplesmente aderir cada ano à moeda mais forte?
A troca de moeda exige uma justificativa maior que a possibilidade de uma melhora momentânea. O processo de transição é caro, tenso e desgastante, tudo o que o Brasil quer evitar agora. O motivo que levou o Reino Unido a não aderir ao Euro ilustra o risco de o Brasil aderir a uma moeda MERCOSUL: qualquer crise, qualquer instabilidade, qualquer mudança significativa nos países de mesma moeda afetam diretamente os demais, que não têm, por sua vez, poder algum sobre essas variáveis.
Note-se que sequer levanto a possibilidade de má intenção entre os governos, uma vez que a má administração financeira, tipificada na Europa pelo caso grego, é suficiente para afetar negativamente a economia de todos os países que partilham moeda única. Se uma Grécia abalou a Europa, imagine um governo argentino de mentalidade esquerdista, protagonizado pelo “quanto pior melhor”, tendo em mãos a possibilidade de interferir diretamente na economia brasileira, em especial durante a vigência de governos mais à direita por aqui…
A independência é, sem dúvida, uma conquista essencial para um povo. É preciso entender que, quando se trata de independência financeira, não é diferente. Colocar em risco a estabilidade institucional, o controle da economia e o símbolo da força de mercado do um povo é uma medida muito arriscada, exigindo fatores de relevância indiscutível para se justificar.
A mentalidade globalista é a maior beneficiária dessas iniciativas, uma vez que tais unificações abrem caminho para outros mecanismos internacionais romperem as fronteiras dos estados, acabar com a soberania nacional e estender suas garras de controle pelo mundo. Foi assim com a união europeia, tem sido assim com a questão imigratória e temos que tomar cuidado para não ser assim no Brasil.
Se queremos garantir nossa segurança, ser respeitados enquanto nação, dar ao povo mais poder de compra e uma vida digna, sem deixar que as quimeras do progressismo tomem conta de nosso destino, devemos nos esforçar para fortalecer nossas instituições, realizar as mudanças que o Brasil precisa e fortalecer os símbolos nacionais. O Real é um dos poucos que podemos considerar uma conquista. É preciso fortalecê-lo para manter o país avançando na direção correta. O “sonho” do “Peso Real” vai na contramão deste propósito.
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